Na matéria do jornalista Rodrigo Melo a Polícia Científica de Goiás disse, em nota, ao POPULAR que os exames cadavéricos de Saiury Pereira Correia e a bebê não foram realizados por eles, já que as vítimas faleceram em outro estado
Leia na integra a mátria de O POPULAR de 22 de julho de 2024
Médicos são indiciados por homicídio após morte de mãe e bebê em Aragarças
Saiury Pereira Correia, de 19 anos, foi medicada, mas os exames foram solicitados somente cinco horas depois da internação, que constataram uma síndrome rara.
Dois médicos foram indiciados por homicídio culposo após uma mãe, de 19 anos, morrer junto com a bebê, em Aragarças, na região noroeste de Goiás. Na época, Saiury Pereira Correia deu entrada no hospital sentindo fortes dores na barriga, tontura, enjoo e náusea. Ela foi medicada, mas os exames foram solicitados somente cinco horas depois da internação, que constataram uma síndrome rara, segundo a Polícia Civil.
Com a conclusão da polícia de que houve negligência médica, os médicos responsáveis pelo atendimento da jovem foram indiciados pela prática do crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O caso agora está com o Poder Judiciário.
Por não ter os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar a defesa deles para que pudessem se posicionar. A reportagem também entrou em contato com a Prefeitura de Aragarças, mas não houve retorno até a última atualização desta matéria.
A Polícia Científica de Goiás disse, em nota, ao POPULAR que os exames cadavéricos de Saiury Pereira Correia e a bebê não foram realizados por eles, já que as vítimas faleceram em outro estado. Completou dizendo que “os exames periciais que nos cabem estão sendo conduzidos com o máximo de rigor e atenção devido à complexidade do caso”. (Confira abaixo a nota na íntegra)
Entenda o caso
O caso aconteceu no dia 1º de junho de 2023. Na ocasião, a jovem grávida de oito meses e o esposo, Marcos Denyver Fernandes da Silva, foram até o Hospital Municipal Getúlio Vargas para o atendimento médico. Segundo o marido, a jovem estava com dores de estômago, mas com sinais vitais normais e pressão arterial com indícios de aumento.
Conforme o inquérito policial, a mulher recebeu atendimento por um médico plantonista e foi medicada antes de ser submetida a qualquer tipo de exame laboratorial, que foi pedido somente após cinco horas de internação.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Fábio Marques, somente no final da tarde, quando os exames ficaram prontos, o médico obstetra constatou que a jovem tinha uma doença rara chamada de síndrome de Hellp, uma complicação que ocorre durante a gravidez e provoca uma grave alteração na pressão arterial.
Dessa forma, os dois médicos tentaram a transferência da paciente para Goiânia. No entanto, devido ao agravamento do quadro de saúde, ela precisou ser submetida às pressas a uma cirurgia no Hospital Municipal de Barra do Garças, no Mato Grosso, conforme o inquérito.
“Um médico era obstetra e o outo que iniciou o atendimento da jovem, mas sob a orientação desse médico obstetra”, explicou o delegado.
Marcos contou à reportagem que na época, antes de sair da cidade, Saiury teria sofrido uma parada cardíaca e que ela já chegou em Barra do Garças sem sinais vitais.
De acordo com a polícia, o procedimento foi feito pelo mesmo médico que iniciou a assistência de forma informal. A jovem e sua bebê não resistiram e morreram.
Segundo o marido, uma enfermeira teria afirmado que a esposa dele já tinha chegado na unidade sem pulso e que a cesariana não salvou a bebê.
Defesa
Em entrevista coletiva na época, o médico obstetra do hospital, Wladimir Farias, afirmou que Saiury apresentou um agravo no quadro de saúde no início da tarde. “Por volta das 17h15 saíram os resultados dos exames. Foram assustadores os resultados. Dava uma complicação grave da doença hipertensiva gestacional”, relatou o médico.
Diante dos resultados, o obstetra diz ter solicitado a transferência dela para Goiânia, que foi prontamente liberada. Porém, ela não poderia ser transferida em uma ambulância normal. Uma Ambulância de Suporte Avançado (USA) precisava ser liberada pela Secretaria de Saúde de Iporá. Entretanto, até 20h o veículo não tinha chegado até a cidade.
Portanto, transferir Saiury para Barra do Garças “era a única alternativa, para tentar salvar a vida dela e do bebê”, afirmou o médico.
Demora
No dia seguinte da morte, Marcos registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado como suposta negligência médica. Contudo, segundo o delegado, a demora para a conclusão do inquérito, mais de um ano depois dos fatos, foi pela falta de perícia solicitada pela Polícia Cientifica.
“Infelizmente, até hoje o parecer médico que nós requisitamos não ficou pronto. De acordo com a notícia que hoje nós tivemos, essa pericia sequer foi iniciada”, afirmou o delegado.
Nota na íntegra
“A Polícia Cientifica de Goiás está comprometida em fornecer resultados precisos e confiáveis em todas as suas investigações.
No caso especifico da morte de Saiury Pereira Correia e sua bebe, é importante ressaltar que a vítima faleceu no hospital de Barra do Garças, localizado em outro Estado, de forma que o exame cadavérico de fato não foi realizado pela Polícia Cientifica de Goiás.
De toda forma, os exames periciais que nos cabem estão sendo com o máximo de rigor e atenção devido à complexidade do caso, e nossas equipes estão trabalhando diligentemente para concluir todas as etapas necessárias da investigação, assegurando que cada aspecto seja minuciosamente examinado.
Atenciosamente, Polícia Científica de Goiás”
Assista ao video: