Josuel de Freitas (PP) e outros quatro parlamentares foram alvos da investigação que apura fraudes em pagamentos de diárias de viagens e cursos. Defesa considera a prisão desproporcional.
O presidente da Câmara de Cachoeira Alta, Josuel de Freitas (PP), foi preso preventivamente suspeito de corrupção, falsidade ideológica e associação criminosa, de acordo com a Polícia Civil (PC). Conforme a investigação, ele, quatro vereadores , um ex-diretor da Câmara e um suplente movimentaram, em quatro meses, mais de R$ 110 mil reais de forma fraudulenta por meio de pagamentos de diárias de viagens e cursos que não eram feitos.
A prisão ocorreu nesta sexta-feira (8), e foi mantida pela Justiça neste sábado (9), após audiência de custódia. Em nota, a defesa do presidente da Câmara, o advogado Pedro Miranda, considerou desproporcional a prisão. Segundo ele, a defesa tem demonstrado que as alegações contra seu cliente são “improcedentes” (veja a nota completa no final da matéria).
Conforme o advogado, nessa nova etapa da investigação, foram citados somente dois vereadores, sendo o vice-presidente, Shaylon Rodrigo Ribeiro (PP), a primeira-secretária da Casa, Luziene Vieira (UB), ocasião em que foi pedido o afastamento de seus cargos. A defesa disse que foi dado um prazo para que seja demonstrado a não necessidade desse afastamento.
Também em nota, o assessor jurídico da Câmara de Cachoeira Alta, Felipe Cardoso, disse ao g1 que toda documentação relacionada às diárias de viagens e frequência em cursos foram entregues a PC e Ministério Público (veja a nota completa no final da matéria) .
A PC informou, em nota, que a prisão foi decorrente de investigação iniciada em janeiro deste ano, que agora está na sua segunda fase. A operação apura suposta prática dos crimes de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e associação criminosa, supostamente cometidos no exercício da função legislativa, conforme a corporação.
Mais detalhes serão apresentados em coletiva de imprensa a ser realizada na manhã da próxima segunda-feira (11) na sede da 8ª Delegacia Regional de Polícia, em Rio Verde.
Investigação
Em 13 de maio de 2025, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra Josuel, o vice-presidente, Shaylon Rodrigo Ribeiro (PP), a primeira-secretária da Casa, Luziene Vieira (UNIÃO); o segundo-secretário da Casa, Renato Rosa (MDB) e o vereador Tiago Ramalho (Podemos).
No processo na Justiça, também constam os nomes do ex-diretor de Administração e Planejamento da Câmara Municipal, Rômulo Rodrigues Cabral (que saiu do cargo em julho) e do suplente de vereador Nilton Oliveira de Freitas (PP). A defesa deles mencionou que eles não foram citados nessa nova etapa das investigação.
Durante a operação em maio, Tiago foi detido em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e munição, e Josuel foi flagrado com R$ 10 mil em espécie, que foi apreendido, conforme a PC. Uma pessoa diretamente ligada ao presidente da Casa também é investigada pelo crime de usura (agiotagem), mas a reportagem não conseguiu identificá-lo.
Em um vídeo enviado ao g1 na época, o presidente da Câmara negou o desvio de recursos públicos e a existência de compra de voto. Segundo ele, foi recebido ainda um pedido de suspensão dos cargos dos investigados por parte de um suplente de vereador, mas considerou o ofício como “totalmente infundado e embasado”.
Os vereadores foram afastados dos seus cargos, mas, em poucos dias, uma liminar na Justiça permitiu que eles voltassem.
Por Rodrigo Melo, g1 Goiás