Da Redação | Site Mais Araguaia
O deputado federal Ismael Alexandrino (PSD-GO) concedeu entrevista ao Site Mais Araguaia, abordando seu mandato, prioridades legislativas, investimentos levados a municípios goianos e perspectivas para 2026. Ex-secretário de Saúde de Goiás, o parlamentar detalhou seu principal projeto; a integração total dos sistemas do SUS e avaliou temas como segurança pública, economia, infraestrutura e cenário político estadual.
Confira a entrevista com o deputado federal Ismael Alexandrino (PSD)
Como ex-secretário de Saúde, o que o senhor considera sua maior contribuição para a área no Congresso?
Quero deixar como legado a defesa da regionalização e do fortalecimento do SUS, com foco em governança em suas três esferas (pública, terceiro setor e privada). Isso tem sido por meio de projetos e emendas para estruturação de atenção primária e especializada em Goiás. Também tenho atuado para integrar sistemas e dados do SUS a fim de melhorar a gestão e economia de recursos.
Quais pautas da saúde ainda pretende votar ou liderar neste último ano?
Entre as dezenas de projetos que sou autor ou relator nesses quase três anos de mandato, meu foco nesse momento é aprovar o Projeto de Lei 3719/2025 que estabelece a integração total entre todos os sistemas de saúde que atuam no SUS.
A proposta estabelece diretrizes para a transformação digital do SUS e tem como coração a implementação da interoperabilidade para acabar com a fragmentação de dados.
Atualmente, isso é um dos principais gargalos do sistema público de saúde brasileiro. Municípios, estados e a União operam sistemas incompatíveis entre si, o que resulta em duplicação de cadastros, repetição desnecessária de exames e perda de histórico médico. Essa falta de comunicação custa bilhões aos cofres públicos e, mais grave, vidas.
Há recursos, emendas ou programas específicos que ainda pretende levar para municípios goianos?
Desde 2023, quando entrei no Congresso, meu foco tem sido em reduzir as filas de cirurgias eletivas.
Minha meta é ser um dos parlamentares que mais destinou recursos para zerar as filas, um dos maiores desafios pós-pandemia. Colocamos nosso mandato à disposição dos prefeitos de Goiás para levar esse serviço aos goianos.
O senhor ocupa posição de destaque na discussão da PEC da Segurança Pública. O que ainda deve ser aprovado em 2025?
A PEC está em fase final de análise na Comissão Especial. Atuo, como vice-presidente, para que possamos apresentar um texto equilibrado e alinhado às necessidades da população.
Apresentei emendas que incluem Guardas Municipais e a Polícia Técnico-Científica no rol de órgãos de segurança; promovem integração federativa sem hierarquia; e asseguram valorização profissional com piso nacional.
Também propus a criação dos fundos constitucionais FNSP e FUNPEN, com percentuais mínimos da Receita Corrente Líquida destinados obrigatoriamente pelos entes federativos.
Goiás enfrenta desafios no interior e nas regiões de fronteira. Há algum projeto concreto para reforçar segurança regional?
Defendo cooperação entre entes federativos, com medidas integradas, infraestrutura e equipamentos; sempre respeitando a autonomia estadual.
Como o senhor avalia a integração entre saúde, segurança e assistência social para reduzir violência?
Além da ação enérgica contra organizações criminosas, a redução da violência exige políticas integradas: atenção psicossocial, reabilitação, cuidado às vítimas e ações preventivas. O Estado deve chegar primeiro ao cidadão vulnerável com serviços, educação e oportunidades para jovens. Defendo articulação intersetorial como estratégia para reduzir violência e reincidência.
Quais municípios goianos foram mais beneficiados por suas ações até agora?
Atendo todas as regiões.
Em São Luís de Montes Belos, minha cidade natal, já destinei mais de R$ 18 milhões para saúde, infraestrutura, educação, maquinário e assistência social.
Também trabalho com o prefeito Sandro Mabel em Goiânia, onde destinamos R$ 8,6 milhões para construção de uma UPA. Em Anápolis, foram mais de R$ 4 milhões para recuperação de estradas vicinais.
Ao todo, 148 municípios já foram contemplados, incluindo Aragarças e os 25 municípios da Associação do Médio Araguaia, com máquinas pesadas.
Onde o senhor acredita que Goiás mais avançou; e onde mais precisa de atenção federal?
Goiás avançou muito em tecnologia agropecuária. Precisa de atenção federal no VLT do Entorno do DF e no Anel Viário da região metropolitana de Goiânia.
Como o senhor avalia a situação econômica de Goiás e do Brasil neste momento?
O Brasil avançou em tecnologia agropecuária, mas precisa se industrializar, especialmente na região de Goiânia.
O país precisa também baixar juros, controlar inflação e melhorar crédito. Isso exige responsabilidade fiscal; gastar menos do que arrecada; ponto em que o governo federal ainda enfrenta dificuldades.

Há alguma medida nacional que ainda pode destravar o crescimento do estado?
Melhoria da malha ferroviária. É o modal mais barato e eficiente, mas exige alto investimento federal inicial.
O que falta para interiorizar mais investimentos, empregos e serviços públicos?
Indústria regionalizada, alinhada à vocação de cada região, e políticas para fixar profissionais no interior.
Deputado, faltando um ano para encerrar o mandato, qual o balanço geral que o senhor faz da sua atuação na Câmara?
Atuei como autor, relator ou presidente em projetos estruturantes: regulamentação de profissões, ampliação de especialistas nos municípios, revisão das tabelas das Santas Casas, integração dos sistemas de saúde (PL 3719/25) e relatoria do Programa Nacional de Diagnóstico Laboratorial.
Quais foram seus principais projetos, propostas ou entregas para Goiás nesse período?
Meu principal projeto é o PL 3719/25, que prevê integração total dos sistemas do SUS, com potencial de economizar 15% dos gastos em saúde; mais de R$ 200 bilhões em quatro anos.
O que o senhor considera que ainda ficou pendente?
Projetos de infraestrutura federal articulados com estados e municípios.
Qual área recebeu mais atenção do seu mandato?
Saúde, sem dúvida.
Mas contribuí também em segurança pública, esporte (tiro esportivo) e temas tributários ligados à saúde, com desoneração de 60% na reforma tributária.
O senhor já decidiu se será candidato à reeleição em 2026?
Sim. Disputarei a reeleição.
Considera seguir no PSD ou avalia mudanças partidárias?
Pretendo permanecer no PSD, onde tenho boa relação interna e nacional. Em Goiás, defendo alinhamento com a base do governador Caiado e do vice Daniel Vilela para garantir previsibilidade e competitividade.
Qual deve ser o principal tema da sua campanha?
Saúde e segurança pública; áreas em que concentro propostas estruturantes.
Pretende se aproximar mais do governo federal, estadual ou manter independência?
Apoio o que é bom para a população e refuto o que prejudica. Mantenho independência com foco em entregas.
Com a renovação política prevista para 2026, qual será seu diferencial diante de novos candidatos?
Represento a renovação. Nunca fui candidato antes de 2022, embora tenha experiência executiva na saúde. Meu diferencial é entregar resultados, construir políticas públicas e compreender a política como serviço à população.
Caso não concorra, qual será seu destino político?
Vou concorrer à reeleição. Independentemente do futuro, não abandono minha carreira médica nem minha atuação no setor privado.
