Na ânsia insaciável de rifar o que restou de Aragarças, o prefeito Ricardo Galvão de Sousa tentou passar a perna na população e entregar o saneamento municipal ao setor privado. Tudo isso, claro, em um golpe de mestre da velha política: marcar a licitação justamente na véspera do Carnaval, quando os foliões estariam ocupados demais para perceber que o governo tentava leiloar um bem essencial. Mas a jogada foi barrada pela Justiça de Goiás, que determinou a suspensão do processo licitatório.
A decisão judicial atendeu a um pedido liminar da vereadora Ana Paula Paulino da Silva Costa, que enxergou as irregularidades e deu o grito de alerta. O edital de Concorrência Pública Presencial n.º 008/2024, que previa a troca da Saneago por uma empresa privada, agora ficará suspenso até julgamento final do caso.
E como todo bom gestor que tropeça na legalidade, o prefeito apressou-se a emitir um decreto de suspensão do certame. Mas, com ares de malabarista político, publicou no Diário Oficial que apenas “adiou” a licitação. Ora, será que ele acredita que a população não percebe a diferença entre adiar e ser obrigado pela Justiça a parar tudo?
O detalhe que torna esse tropeço ainda mais vergonhoso é que, desde a criação das microrregiões de saneamento básico pela lei estadual de 2023, a decisão sobre a forma de prestação dos serviços cabe à microrregião goiana, e não ao município isoladamente. Ou seja, além de tentar passar o trator sobre o interesse público, o prefeito sequer se atentou ao básico: ele não tinha competência legal para tomar essa decisão sozinho.
Agora, fica a pergunta: será que o “selo de ouro” da administração pública que o prefeito tanto alardeia tem alguma relação com o brilho do ouro que ele tentou fazer circular na surdina? Enquanto isso, a população de Aragarças segue vigilante, pois se depender dessa gestão, até a água do cerrado pode virar moeda de troca para interesses obscuros.
Decreto e publicação abaixo: